Medios y Nuestra América: Dilma e a batalha da comunicação (en portugués)
Segundo li no Blog da Cidadania, do Eduardo Guimarães, a
Comunicação da presidenta Dilma tem pesquisas que mostram que toda a
campanha da mídia corporativa contra seu governo ainda não atingiu sua
imagem.
Não penso assim, por isso repito quase na íntegra postagem deste blog de junho de 2011.
O governo da presidenta Dilma ainda não percebeu que a batalha das
comunicações é tão importante hoje em dia quanto o saneamento básico, o
acesso à educação e à saúde.
Porque o mundo vive hoje a chamada guerra de quarta geração, que se
desenvolve não nos campos de batalha mas na cabeça e no coração das
pessoas. A mídia corporativa é o braço avançado dessa guerra na luta
para o Brasil voltar a se encaixar na ordem capitaneada pelos Estados
Unidos.
O ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez conheceu essa força em
2002, quando foi derrubado do poder por um golpe idealizado, forjado,
trabalhado, incitado e comandado pela mídia corporativa de lá, liderada
pela cadeia RCTV (a RGTV - a Rede Globo de Televisão - de lá, à época).
A batalha da comunicação se desenrola como um roteiro
cinematográfico, onde os lados opostos vão criando seus personagens,
tramas, subtramas, com o objetivo de conseguir chegar ao seu final
feliz.
Por serem governo e oposição, é claro, o final feliz de um é a
desgraça do outro, como experimenta agora a oposição quase esfacelada
com o impressionante sucesso do governo do presidente Lula, e agora da
presidenta Dilma.
Grosso modo, a história que o governo pretende contar está resumida
no discurso de posse da presidenta Dilma (que pode ser lido na íntegra
aqui). É uma história de continuidade em relação ao governo anterior,
mas também de avanço e com um eixo central:
A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos.
Já a história que a oposição - há tempos subsidiada, mas hoje
assumidamente liderada pela mídia corporativa - quer contar é a
seguinte: Este é um governo demagógico, que se vale de bolsas e
transferência de renda para vagabundos, numa compra indireta de votos; é
um governo de petralhas, de cumpanheros enriquecendo como nunca; uma
república sindicalista, com bolsa de estudo para pobre, tudo para os
pobres, com o objetivo de continuar vencendo as eleições e poderem
roubar ainda mais.
Já tentaram o golpe em 2005, com o mensalão. Em 2006, levaram a
eleição para o segundo turno com o episódio da foto do dinheiro feita
pelo delegado Bruno. Depois, em 2010, a guerra do aborto, o episódio
ridículo da bolinha de papel, o jogo sujo da ficha falsa de Dilma na
primeira página da Folha.
Perderam mais uma vez. Mas, aos pouquinhos, na timeline da
comunicação, vão construindo seu roteiro, deixando registrados os papéis
que querem destinar ao governo: corrupto, antidemocrático, defensor da
censura, populista.
O presidente Lula sozinho conseguia fazer a comunicação de seu
governo. Graças a seu carisma, sua história de vida. Graças também às
inúmeras campanhas majoritárias que disputou antes de vencer em 2002.
Ainda assim, quem não se lembra?, chegou a ficar atrás de Serra em
pesquisas de 2005, ano auge do mensalão.
Lula talvez conheça o Brasil como ninguém ("nunca dantes"). Talvez
tenha ido a mais municípios brasileiros que qualquer outro cidadão. A
ponto de o povo mais humilde se identificar com ele e ver na sua luta e
luta de cada um deles.
Além do mais, Lula foi um sindicalista, um líder metalúrgico. Tem liderança reconhecida na classe trabalhadora organizada.
A presidenta Dilma não tem essas características.
Por isso, o outro grande movimento da oposição é afastar os dois e
fazer o povo esquecer que Lula é Dilma e Dilma é Lula. Se na mente das
pessoas eles estiverem separados, nem Lula conseguirá uni-los novamente.
Enquanto pudermos continuar crescendo, gerando empregos e
desenvolvimento social, eles terão dificuldades. Mas, tudo isso tem um
gargalo. E há ainda a crise mundial, que, longe de ter passado, volta a
se agravar.
Por isso, a comunicação tem que ganhar a importância que ainda não
tem neste governo. Porque a comunicação democrática, o livre fluxo da
informação, é um direito humano tão importante quanto o acesso à
educação e à saúde.
Porque, como eu já escrevi em O poder dos cartéis midiáticos não permite a informação livre e põe em risco a democracia no Brasil:
“A implantação urgentíssima do PNBL e a consequente Ley de Medios
são lutas que podem impedir que o país retroceda e acabe, por blablablás
lacerdistas, nas mãos de quem vai entregar a Petrobras e nossas
riquezas, na próxima oportunidade”.
Encher as burras da mídia corporativa de dinheiro e ignorar o
trabalho de formiguinha que ela vem fazendo no dia a dia, como
verdadeiras saúvas (valha-me Macunaíma!), é fechar os olhos ao que já
aconteceu no mundo.
A corrida de mais de milhão de beneficiários do Bolsa Família às
agência da Caixa, a partir de um boato, foi um ensaio, mas também um
aviso de que hoje, mais do que nunca na História, tudo o que é sólido
desmancha no ar.
Ou, saindo do velho Marx para nosso Chacrinha, "Quem não se comunica se trumbica".
Ou Nelson Rodrigues, que alertava que o vídeo-tape é burro. O tracking também, presidenta.
Fuente: Antônio Mello, en http://www.brasildefato.com.br/node/13127
Etiquetas: Batalla Comunicacional, Brasil, Medios en Nuestra América
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